Sejam bem vindos ao Cantinho de sugestões da EJA. Neste cantinho vou sugerir atividades para se trabalhar na modalidade da "Educação de Jovens e Adultos". Vou tentar dividir o que aprendi espero que gostem e deixem sugestões e comentários ...

Minha Família

Minha Família

Páginas

segunda-feira, 29 de março de 2010

Educador de Jovens e Adultos


Imagem retirada do site: www.flickr.com/photos/daniel_calvo



Não poderia deixar referenciar o que a proposta Curricular da EJA fala sobre ser professor desta modalidade de ensino...

Algumas das qualidades essenciais ao educador de jovens e adultos são a capacidade de solidarizar-se com os educandos. A disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes. A confiança na capacidade de todos de aprende e ensinar. Coerentemente com essa postura, é fundamental que esse educador procure conhecer seus educandos, suas expectativas, sua cultura, as características e problemas de seu entorno próximo, suas necessidades de aprendizagem. E, para responder a essas necessidades, esse educador terá de buscar conhecer cada vez melhor os conteúdos a serem ensinados, atualizando-se constantemente. Como todo educador, deverá também refletir permanentemente sobre sua prática, buscando os meios de aperfeiçoá-la.
Com clareza e segurança quanto aos objetivos e conteúdos educativos que integram um projeto pedagógico, o professor deve estar em condições de definir, para cada caso específico, as melhores estratégias para prestar uma ajuda eficaz aos alunos em seu processo de aprendizagem. O educador de jovens e adultos tem de ter uma especial sensibilidade para trabalhar com a diversidade, já que numa mesma turma poderá encontrar educandos com diferentes bagagens culturais.
É especialmente importante, no trabalho com jovens e adultos, favorecer a autonomia dos educandos, estimulá-los a avaliar constantemente seu progresso e suas carências, ajudá-los a tomar consciência de como a aprendizagem se realiza. Compreendendo seu próprio processo de aprendizagem, os jovens e adultos estão mais aptos a ajudar outras pessoas a aprender, e isso é essencial para pessoas que, como muitos deles, já desempenham o papel de educadores na família. No trabalho e na comunidade.
Também é uma responsabilidade importante dos educadores de jovens e adultos favorecer o acesso dos educandos a materiais educativos como livros, jornais, revistas, cartazes, textos, apostilas, vídeos etc. Deve-se considerar o fato de que se trabalha com grupos sociais desfavorecidos economicamente, que têm pouco acesso a essas fontes de informação fora da escola.
Finalmente, os educadores devem atentar para o fato de que o processo educativo não se encerra no espaço e no período da aula propriamente dita. O cognitivo numa escola ou noutro tipo de centro educativo, para além da assistência às aulas, pode ser uma importante fonte de desenvolvimento social e cultural. Por esse motivo, é importante também considerar a dimensão do centro educativo como espaço de convívio, lazer e cultura, promovendo festas, exposições, debates ou torneios esportivos, motivando os educandos e a comunidade a freqüentá-lo, aproveitando essa experiência em todas as suas possibilidades.
Proposta Curricular – 1º Segmento

sexta-feira, 26 de março de 2010

PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O processo de alfabetização da EJA hoje, busca romper com velhas metodologias infantilizadas de alfabetização, que não trazia para o aluno nenhuma identificação com sua faixa etária e muito menos com sua realidade. Vou sugerir um trabalho metodológico que tem como precursor o Professor Paulo Freire, a quem eu me inspiro para entender essa modalidade que já sofreu tantas exclusões.
Não poderia deixar de referenciar as diretrizes pedagógicas dos PCN’s, que servirá de norteio para a execução do processo de alfabetização de nossos educandos:


1.Metas: Leitura, produção textual, prática oral e reflexão sobre a linguagem.

2.Objetivos:
* Ler (leitura), escrever (desenvolvimento da escrita) e falar (prática oral) de acordo com as regras e com as necessidades socialmente estabelecidas;
* Proporcionar o auto conhecimento;
* Relacionar o que o aluno já sabe com o novo;
* Analisar situações novas; em seguida, levantar a síntese para a resolução de problemas;
* Ler textos de informação ou de instrução, de análise social, de tendência lúdica ( prazerosa);
* Desenvolver o processo da escrita a partir de texto, funcionando como ponto de partida. de reflexão – para análise de sons, de letras, de palavras, de frases – até se chegar aos parágrafos e ao texto como um todo;
* Evitar exercícios descontextualizados e repetitivos.

3.Abrangências:
* Textos diversificados com temáticas que privilegiem o cotidiano dos alunos: sua cultura, seus costumes, suas tradições;
*Exploração de gêneros textuais diversos;
*Exercícios contextualizados;
*Exercícios a partir de textos em prosa e em poesia, com o auxílio de figuras, de desenhos, de mapas, de fotos, etc.

4.Observações Gerais:
* Os textos com a abordagem dos sons das letras têm a seguinte função: apresentar a letra no aspecto visual e sonoro na tentativa de que o aluno associe o que vê ao que ele pronuncia.
* Os textos com a abordagem da interpretação objetivam levar o aluno a associar letra, som e significado(s).

Muito bem agora que já conhecemos tais diretrizes, vamos aplicá-la como proposta...

MÉTODO PAULO FREIRE

Foto retirada do site: aliceinside.wordpress.com

Nossa proposta de estudo é baseada no método Paulo Freire. A proposta de Freire parte do estudo da realidade que é a fala do educando, e a organização do dado que é a fala do educador. Nesse processo surge os Temas Geradores, extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. Os conteúdos de ensino são resultados de uma metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto social do educando é considerada “invasão cultural” ou “depósito de informações” porque não emerge do saber popular.


Portanto, antes de qualquer coisa, é preciso conhecer o aluno. Conhecê-lo enquanto indivíduo inserido num contexto social de onde deverá sair o “conteúdo” a ser trabalhado.
Assim sendo, não se admite uma prática metodológica com um programa previamente estruturado assim como qualquer tipo de exercícios mecânicos para verificação da aprendizagem, formas essas próprias da “educação bancária”, onde o saber do professor é depositado no aluno, práticas essas domesticadoras. (Barreto,s.d.p.4) O relacionamento educador-educando nessa perspectiva se estabelece na horizontalidade onde juntos se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento. Elimina-se portanto toda relação de autoridade uma vez que essa prática inviabiliza o trabalho de criticidade e conscientização.
Segundo Freire o ato educativo deve ser sempre um ato de recriação, de re-significação de significados. O Método Paulo Freire tem como fio condutor a alfabetização visando á libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo mas acontece essencialmente nos campos social e político.
O que existe de mais atual e inovador no Método Paulo Freire é a indissociação da construção dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita do processo de politização. O Alfabetizando é desafiado a refletir sobre seu papel na sociedade enquanto aprende a escrever a palavra sociedade; é desafiado a repensar a sua história.
Essa reflexão tem por objetivo promover a superação da consciência ingênua – também conhecida como consciência mágica – para consciência crítica.
A proposta de utilização dessa metodologia na alfabetização de jovens e adultos é completamente inovadora e diferente das técnicas utilizadas, resultada de adaptações simplistas das cartilhas, com forte tônica infantilizante. É diferente por possibilitar uma aprendizagem libertadora, não mecânica, mas uma aprendizagem que requer uma tomada de posição frente aos problemas que vivemos. Uma aprendizagem integradora, abrangente, não compartimentalizada, não fragmentada, com forte teor ideológico. Dessa forma, o Método proposto por Freire rompe com a concepção utilitária do ato educativo propondo uma outra forma de alfabetizar. Porém, vale ressaltar que é importante a necessidade de recriação constante em toda e qualquer prática educativa, inclusive no método em questão.



Orientação Pedagógica

Ponto gerador-mediador: Pesquisar em busca de palavras geradoras do trabalho de alfabetização.
Ponto temático: O aluno e seu universo.
Concentração da aula: Oralidade para desinibição e levantamento do universo vocabular do educando.

Professor(a), apresentamos uma possível seqüência de aula. Possível pelo fato de que, no nosso trabalho, tudo deve partir do aluno, o professor é apenas o mediador.
Quem vem à sala de aula da Educação de Jovens e Adultos está aceitando ser alfabetizado e tem em torno dele todo um universo vocabular a ser explorado, e é esta pesquisa que queremos que você faça com os alunos, buscando extrair deles os vocábulos que estão no universo lingüístico ao qual pertencem. As palavras que eles forem falando deverão ser escritas na lousa e em cartazes ( fixar na parede) ou em pequenos cartões, e deve-lhes ser solicitado que escolham 16 palavras entre as dezenas ou centenas de palavras que surgirem. Escolha com eles 16 palavras para serem exploradas nas fichas que poderão ser formuladas no caderno ou em folhas de ofício, para que nessas fichas possam ser estudadas as sílabas dessas palavras sem assoletramento, mas com o pronunciamento delas, o que já será um início de identificação dos sons das letras, segundo Carlos Brandão, “um universo de fala da cultura da gente do lugar, que deve ser investigado, pesquisado, levantado e descoberto.”
Por isso professor(a), pesquise mesmo pra valer. Pergunte muito sobre situações que possam ser respondidas pelos seus alunos para que se formem na lousa vários campos semânticos de palavras. Palavras estas que servirão de subsídios para o trabalho de alfabetização, de modo que o aluno estará construindo seu mundo e se alfabetizando com a ajuda do professor, que é um mediador. Pergunte a eles sobre a vida, sobre o trabalho. Peça que contem acontecimentos. Indague sobre assuntos diversos que os levem a compreender o mundo, sem que você direcione as opiniões, tomando o cuidado para que eles falem sempre, que tudo parta deles.
“Trata-se de uma pesquisa simples que tem como objetivo imediato à obtenção dos vocábulos mais usados pela população a se alfabetizar”. Percebeu como essa pesquisa pode ser feitas com os alunos? As palavras servirão para descobrirmos os TEMAS GERADORES DAS AULAS, ou seja, os assuntos a serem discutidos em sala de aula. As 16 palavras escolhidas no final de muito debate (conversa) servirão de PALAVRAS GERADORAS de atividades escritas. As idéias são as palavras, as frases, ou mesmo desenhos feitos por eles em folhas ou em cartolinas e escritas e/ou desenhadas na lousa ou coladas. Devem ser lidas para a turma.

Paulo Freire pensou que um método de educação construído em cima de ideias de um diálogo entre educador e educando, onde há sempre partes de cada um no outro, não poderia começar com o educador trazendo pronto, do seu mundo, do seu saber, o seu método e o material da fala dele.” Carlos Brandão


Sugestão de Atividade:

Obs:
A palavra abaixo fez parte do universo vocabular dos meus alunos, vocês terão outras realidade, esta é apenas um exmplo.

A palavra selecionada foi VIDA.

1.
CONVERSE COM SEU PROFESSOR SOBRE O SIGNIFICADO DA PALAVRA


VI DA



2. PESQUISE EM REVISTAS OU JORNAIS AS LETRAS DA PALAVRA VIDA E COLE ABAIXO:


V

I

D

A



3.Agora desenhe ou cole uma foto que possa representar o significado desta palavra para você:


Depois desta dinâmica o professor pode explorar as atividades de alfabetizar trabalhando as sílabas da palavra V I D A:


Por exemplo, a palavra VIDA.
Esta palavra deve ser pronunciada pelo professor, que buscará mostrar aos alunos que ela pode ser dividida em pedaços. A palavra em questão será pronunciada pela turma em coro e individualmente. O professor então deve pronunciar as famílias silábicas que podem ser obtidas (VA,VE,VI,VO,VU) e (DA,DE,DI,DO,DU), sem o aluno olhar para forma escrita. Agora, deve escrevê-las na lousa, conforme mostra no quadro. Deve buscar com os alunos a diferença em cada sílaba, que são as vogais, apresentando-as em forma de coluna. Escrita na lousa, o (a) professor(a) lerá uma a uma com os alunos. Solicitará que eles escrevam no caderno.

IMPORTANTE: se o aluno for reconhecendo as semelhanças sonoras entre a palavra geradora ou em outra palavra, você pode ir apresentando cada nova situação para a turma, sabendo que se trata de um avanço do aluno e por isso, faça elogios.
As palavras geradora deverão ser desdobradas em seus fonemas e sílaba – em pedaços.Ex: “Olha aí gente, uma casa não tem as suas partes: quarto, cozinha,sala...? Tudo no mundo não tem seus pedaços?Pois é uma palavra também tem. Tão vendo?”Carlos Brandão

Ex:

Ao juntarmos a letra V e D com as vogais A-E-I-O-U, teremos novas sílabas. Veja:



V -VA – VE – VI – VO - VU

I

D - DA –DE –DI – DO - DU

A

2. A PALAVRA VIDA SERÁ NOSSO TEMA. ESSA PALAVRA COMEÇA COM A LETRA _______



PROCURE EM REVISTAS OU JORNAIS PALAVRAS QUE COMECEM COM AS SÍLABAS ABAIXO E COLE NO QUADRO:

VA –


____________________________

VE –

____________________________
VI –

____________________________

VO –

____________________________

VU -

____________________________


Professor (a), aqui você poderá criar inúmeras atividades com letras e sílabas, não esquecendo que depois precisa trabalhar com a sílaba DA. O objetivo é escolher uma palavra do universo vocabular do aluno e explorar seu significado para os mesmos.

Bom trabalho! Espero que gostem em breve postarei mais sugestões...XXXero !!!!(com x rsrsr)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Hora da geografia...

Temos muita dificuldade em encontrar textos para serem trabalhados na Educação de Jovens e Adultos, que realmente aproximem com sua realidade, particularmente eu gosto de trabalhar com música que associem ao conteúdo estabelecido. Na atividade abaixo foi trabalhado o fragmento de uma música para associar o conteúdo das regiões, especificamente o que trata da caatinga. Espero que gostem!!!

ASA BRANCA

Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perhuntei pra Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que brasero, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de cede meu alazão
Inté mermo a Asa Branca
Bateu asas do Sertão
Intonce eu disse: adeus, Rosinha,
Guarda contigo meu coração
Luiz Gonzarra e Humberto Texeira

PENSANDO E RESPONDENDO

1) Os versos traduzema realidade da região da Caatinga?
2)Você sabe o que é Caatinga?

VOCÊ SABIA?
A vegetação semi-árida do Nordeste do Brasil é a Caatinga.

VEGETAÇÃO

A Caatinda ocupa algo em torno de dez por cento (10%) do território brasileiro e é o semi-árido de maior população do mundo, com aproximadamente vinte milhões de habitantes.

HORA DA PESQUISA...

  • Coma ajuda do seu professor, pesquise o que faz este ecossistema ser diferente dos demais

VOCÊ SABIA?

A Caatinga é composta de uma vegetação de cactos, arbustos e pequenas árvores; apresenta chuvas escassas e irregulares e temperatura média elevada. O rigor do clima e a falta de água contribuem para a limitação da vida vegetal e animal.

Sua vegetação é adpatada à região. Algumas plantas, como o cactos, por exemplo, possuem espinhos, que têm função de reduzir a evapotranspiração da planta.



Os animais que vivemna Caatinga são completamente adaptados a esses habitat. Pesquise o significado da palavra habitat.




Espero que gostem, esta atividade pode ser trabalhada na 1ª etapa pelo seu grau de dificuldade, porém pode ser aprofundada por você professor.


Para iniciar a semana quero deixar esta oração linda que nos faz refletir em nosso papel de educador, frente a tantas desvalorizações que vivemos. Porém sabemos que lá no fundo nosso verdadeiro valor está dentro de nós, quando acreditamos que podemos ensinar e aprender, a ser importante na vida de alguém, nosso aluno.
Foto retirada do site:http://vivendo_depressa.zip.net/




ORAÇÃO DO PROFESSOR


Dai-me, Senhor, o dom de ensinar,Dai-me esta graça que vem do amor.
Mas, antes do ensinar, Senhor,Dai-me o dom de aprender.
Aprender a ensinarAprender o amor de ensinar.
Que o meu ensinar seja simples, humano e alegre, como o amor.

De aprender sempre.
Que eu persevere mais no aprender do que no ensinar.

Que minha sabedoria ilumine e não apenas brilhe
Que o meu saber não domine ninguém, mas leve à verdade.
Que meus conhecimentos não produzam orgulho,

Mas cresçam e se abasteçam da humildade.
Que minhas palavras não firam e nem sejam dissimuladas,
Mas animem as faces de quem procura a luz.
Que a minha voz nunca assuste,
Mas seja a pregação da esperança.
Que eu aprenda que quem não me entende
Precisa ainda mais de mim,
E que nunca lhe destine a presunção de ser melhor.
Dai-me, Senhor, também a sabedoria do desaprender,
Para que eu possa trazer o novo, a esperança,
E não ser um perpetuador das desilusões.
Dai-me, Senhor, a sabedoria do aprender

Deixai-me ensinar para distribuir a sabedoria do amor.

Atônio Pedro Schlindwein

terça-feira, 9 de março de 2010

Cidadania e participação...

Em nossas vivências políticas cotidianas, é bastante comum ouvirmos pessoas dizendo que "não gostam de política" ou falando mal "dos políticos". O desinteresse por esse tema é um fenômeno que tem sido crescente. Entretanto não podemos deixar de considerar a importância que os sistema políticos e administrativos têm na sociedade em que vivemos e que esses sistemas afetam diretamente a vida das pessoas.

Portanto é necessário ajudar os educandos a compreender a complexidade das questões políticas e superar atitudes de passividade, de adesão ou constentação ingênua frente ao "sistema" ou a personalidades da vida política.(PCNs EJA)

Assim melhoram-se as condições para o educandoassumir suas responsabilidades na escolha de seus representantes, seu direito de protestar quando se sentirem lesados, sabendo a quem dirigir sua exigências.

A atividade abaixo pode ser trabalhada em turmas de 2ª ou 3ª etapas, depende do aprofundamento doeducador no tema:


TEXTO:

CIDADANIA: direito de ter direitos


É muito importante entender bem o que é cidadania. É uma palavra usada todos os dias e tem vários sentidos. Mas hoje significa, em essência, o direito de viver decentemente.

Cidadania é o direito de ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar um médico que cometa um erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.

Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento, está o respeito à coisa pública.




DIMENSTEIN, Gilberto. O Cidadão de Papel.



Entendendo o Texto


1) Você já sabe o que Gilberto Dimenstein pensa sobre cidadania. E para você, o que significa cidadania?


2)O que é ter direito de viver decentemente?


3)Com a ajuda de seu professor, faça a relação entre cidadania e democracia:


4) Agora leia abaixo o poema Cidadania, do poeta Thiago de Mello:


CIDADANIA


Cidadania é dever

de povo.

Só é cidadão

quem conquista o seu lugar

na perseverante luta

do sonho de uma nação.

É também obrigação:

a de ajudar a construir

a claridão na consciência

de quem merece o poder.

Força gloriosa que faz um homem,

caminho do mesmo chão,

luz solidária e canção.


  • Para Thiago de Mello, o que é cidadania? É a mesma visão que tem Gilberto Dimenstein?


  • Segundo Thiago de Mello, o que é preciso fazer para ser um cidadão?

Gilberto Dimenstein escreve que cidadania é também poder votar em quem quiser sem constrangimento. Leia alguns dos significados da palavra VOTO:

1.Desejo íntimo. 2. Manifestação da vontade ou da opinião individual em assembléia ou do ato eleitoral;decisão. ( Minidicionário Luft)

Agora responda:

Você acha importante ter direito de voto? Por quê?

Para votar é preciso ter um título de eleitor:

Foto retirada do site: www.sengepe.org.br/arquivos/imagens/titulo.jpg

1) Você já participou de uma eleição? De que modo você participou?

2)Que critérios você considera na horade escolher o candidato em quem vai votar?


Vamos conversar sobre essas questões oralmente.


O educador dever explorar bastante o diálogo do educando, mas com muito cuidado para não exceder a discussões eleitoreiras, deve valorizar as questões dos direitos e deveres do cidadão brasileiro.

Postarei em breve outro texto sobre Cidadania. Quero relatar que trabalhei esta atividade em sala de aula e fomos além das letras...Foi muito dinâmico, polêmico, conscientizador.

Faça seu comentário...deixe sua experiência...Obrigada!

Conhecendo a turma ...

Para qualquer modalidade de ensino é de suma importância que o professor conheça seus alunos, o que fazem, do que gostam, onde moram, o que sabem o que querem aprender etc...Pois desta forma estará buscando conhecer a história de vida de seu aluno permitindo ter um conhecimento prévio de sua turma. Experiências passadas de fracasso e exclusão normalmente produzem nos jovens e adultos uma auto-imagem negativa. Conhecê-los fará com que o educador ajude os educandos a reconstruir sua imagem da escola, das aprendizagens escolares e de si próprios. A atividade abaixo pode ser trabalhada no inicio do ano letivo ou na necessidade de cada educador com sua turma.


Indico para 1ª etapa que corresponde à: alfabetização, 1ªsérie e 2ªsérie, mas pode ser trabalhada em qualquer etapa é só explorar na escrita:



VOCÊ É UM SER ESPECIAL


Vamos cantar!


FOI DEUS QUEM FEZ VOCÊ (fragmento)


Foi Deus quem fez o céu

O rancho das estrelas

Fez também o seresteiro para conversar com elas

Fez a lua que prateia minha estrada de sorriso

E a serpente que expulsou mais de um milhão do paraíso


Foi Deus quem fez você

Foi Deus quem fez o amor

Fez nascer a eternidade num momento de carinho

Fez até o anonimato dos afetos escondidos

E a saudade dos amores que já foram construídos

Foi Deus...
Luiz Ramalho


DESENVOLVENDO A ORALIDADE


Falando sobre o texto:



  • Vocês já conheciam essa música?


  • Dê sua opinião sobre o trecho da música Foi Deus quem fez você.


  • Você concorda com esta afirmação: Deus fez todas as coisas e em especial você.


  • Como você se sente sendo uma obra prima de Deus?

PRESTE ATENÇÃO!


Você como obra prima de Deus, segundo a música, ao nascer recebeu um nome. Qual é o seu nome?


________________________________


Nesta atividade alguns alunos em inicio de alfabetização não saberão escrever seus nomes, mas o professor deve pedir que escrevam como souberem ou desenhem, é uma forma de conhecer a interação do aluno com a escrita.Na verdade o objetivo é conhecer seu aluno sua história de vida.




  • A partir daí pode-se iniciar um trabalho com a leitura e escrita das palavras importantes do seu contexto de vida. A criatividade do educador vai fluir com sua necessidade.

Espero que gostem e comentem suas experiências.


Valéria Souto.


sábado, 6 de março de 2010

Um pouquinho da história da EJA ...

Viajando pela história do nosso país, no Brasil colonial, observa-se, que quando se falava em educação para a população não infantil, fazia-se referência apenas a população adulta, que necessitava ser doutrinada e orientada nas “cousas da santa fé”. Historicamente, o jovem não tinha existência enquanto ser social, existindo apenas à criança, o adulto e o velho, segundo pesquisas de alguns autores (Áries,1981;Levi e Schmitl,1996). Tais autores afirmam que a nação de juventude é uma construção social que vai adquirir existência de acordo como momento histórico.
O sistema da Educação era frágil naquele período, pois considerava que a educação não era responsável pelo aumento da produtividade do país, a mesma se dava pelo aumento de escravos, o que causava o descaso dos dirigentes com a educação.
Percebe-se então, que a falta de compromisso com a educação de adultos, se dá desde o início de nossa história.
Mas com a chegada do desenvolvimento industrial no Brasil, a educação de adultos passou a ter pontos de vista diferentes. Havia os que a entendiam como domínio da língua falada e escrita, visando o domínio das técnicas de produção; outros como instrumentos de ascensão social; outros como meio de progresso do país, e finalmente aqueles que a viam como ampliação de bases de votos.
Em 1940, a educação de adultos começa a ter certa independência a partir da criação de um fundo destinado à alfabetização e a educação de adulto analfabeta.
Durante o estado novo foi iniciada a preparação de uma campanha de alfabetização de jovens e adultos analfabetos, que foi posta em prática em 1947, na qual, numa primeira etapa de três meses, previa-se a alfabetização e depois a implantação do curso primário em duas etapas de sete meses cada uma.
Logo depois o estudo completaria com uma “ação em profundidade”, que se constituiria em capacitação profissional e desenvolvimento comunitário.

Na verdade a campanha era vista como uma autêntica campanha de salvação nacional. Tentava conciliar quantidade com a qualidade e a continuidade do ensino. Entretanto predominou somente o aspecto quantitativo, pois a interação qualitativa nunca chegou a se concretizar” (PAIVA,1973)
Diferente do período colonial acreditava que a insuficiência cultural do país estaria entravando a produção. Como se sabe a campanha também buscava atender as exigências da UNESCO e para isso o país tinha pressa. O analfabetismo visto como causa de atraso econômico para o país, gerou preconceito ao adulto analfabeto, identificado como elemento incapaz, fato que até os dias de hoje causa no analfabeto uma baixa-auto-estima como cidadão, como aluno.
Essa visão do CEAA, não refletia a opinião de todos os envolvidos na mesma. Desde seu início, surgiram algumas idéias de educadores que acreditavam que o adulto analfabeto era capaz de aprender. As críticas surgidas ao método de alfabetização, sua visão preconceituosa, sua superficialidade de aprendizado em um curto período, remeteram a uma nova visão sobre o problema do analfabetismo e o surgimento de uma nova prática metodológica, que teve como principal referência o educador Paulo Freire.
Este novo paradigma pedagógico tinha uma visão divergente, sobre o analfabetismo. Pois acreditava que o analfabetismo não era a causa da pobreza do país e sim a conseqüência de uma estrutura política não igualitária. “Era preciso, portanto, que o processo educativo interferisse na estrutura social que produzia o analfabetismo. A alfabetização e a educação de base de adultos deveriam partir sempre de um exame crítico da realidade existencial dos educandos, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los”. (PAIVA,op.cit.,p.23)
Porém, o golpe militar de 1964, rompeu com esse trabalho de alfabetização que vinha sendo realizado, exatamente pela sua ação conscientizadora, que ameaçava à ordem instalada pela revolução, e seus defensores foram severamente reprimidos.
Em 1967, o governo assumiu o programa de alfabetização, que iniciou com uma população analfabeta entre15 e 30 anos. “As orientações metodológicas e os materiais didáticos do Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) reproduziram muitos procedimentos consagrados nas experiências de início dos anos 60, mas esvaziando-se de todo o sentido crítico e problematizador”. (BRASIL.MEC, op.cit.,p.26)
Na década de 1970 o analfabetismo no país era de 33%, e a meta principal do programa era apenas fazer com que os alunos aprendessem a ler e escrever, não demonstrando nenhuma preocupação com a formação integral do educando. Assumiu a educação como investimento, qualificação de mão-de-obra para o desenvolvimento econômico do país. Não tinha interesse em formar uma sociedade crítica e participativa. O Mobral e seus princípios metodológicos serviram apenas para atingir os objetivos de um governo ditatorial, no qual o mobrante teria que aceitar o desenvolvimento tal como foi colocado pela política econômica, sem questionamentos. Os custos financeiros do Mobral eram altíssimos, recebia recursos da União, do FNDE, 2% do Imposto de Renda e uma complementação da renda líquida da Loteria Esportiva.
Porém, após a redemocratização do país, o Mobral já não tinha mais condições políticas de sobrevivência, como estava desacreditado no âmbito político e educacional, foi extinto em 1985, através do Decreto 91980, de 25 de novembro de 1985, dando lugar ao surgimento da Fundação Educar. No plano legislativo, n.5692/71, apesar de ter sido reproduzida por um governo conservador, estabeleceu pela primeira vez um capítulo específico para a Educação de Jovens e Adultos, reconhecia a educação de adultos como um direito a cidadania. “Com a Constituição promulgada em 1988, o dever do Estado com a Educação de Jovens e Adultos é ampliada ao se determinar a garantia de Ensino Fundamental Obrigatório e gratuito, assegurada inclusive, sua oferta para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria.” (Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal. 1988).
Contudo esse direito, garantido pela Constituição, que em seu artigo 208 o define como direito subjetivo, não saiu do papel. A União abandonou as atividades dedicadas a EJA e no governo do presidente Collor de Melo foi extinta a Fundação Educar, em março de 1990, demonstrando a falta de interesse para com a educação das pessoas adultas. Pronunciamentos absurdos, como este, do Ministro da Educação José Goldemberg, refletem a visão de EJA, que tinha o governo da época:

“... o grande problema do país é o analfabetismo das crianças e não o de adultos. O adulto analfabeto já encontrou seu lugar na sociedade. Pode não ser bom lugar, mas é o seu lugar. Vai ser pedreiro, vigia de prédio, lixeiro, ou seguir outras profissões que não exijam a alfabetização. Alfabetizar o adulto não vai mudar muito sua posição dentro da sociedade e pode até perturbar. Vamos concentrar nossos esforços em alfabetizar a população jovem. Fazendo isso agora, em dez anos desaparecerá o analfabetismo”. (BEISEIGEL, 1997:30)

Como de práxis, iniciava ali uma nova etapa na desqualificação da Educação de Jovens e Adultos no âmbito das políticas públicas, desrespeitando e revertendo um movimento inclusivo dos direitos por educação dos últimos cinqüenta anos. Contudo, o processo de impeachment do presidente Collor, deu novos rumos à política educacional de EJA, com a sociedade civil assumindo cada vez mais a responsabilidade pela alfabetização de adultos.
Com a promulgação da Constituição de 1988, o Deputado Octávio Brito, apresentou um projeto de LDB (nº 1258/88), que buscava superar uma concepção de educação de pessoas jovens e adultos referido ao ensino fundamental regular, a utilização do termo ensino supletivo e a idéia de um currículo voltado para a educação fundamental das crianças. O projeto ainda definiu que o Estado deveria criar condições para que esse aluno trabalhador freqüentasse a escola, visto que para a EJA o caráter indutor do Estado é essencial.
Mas, uma leitura minuciosa a
LDB 9394/96 revelam o caráter flexível atribuído a EJA, que mesmo sendo considerada como pertencente à educação básica, tem um tratamento diferenciado, expressando a lógica dominante que seguindo os padrões que regem, no Brasil, as políticas públicas, se voltam estritamente à relação custo/benefício. Embora a Lei nº9394/96 tenha dedicado observar que são desprovidos de aprofundamento em relação ao tema, pois deixa de contemplar uma atitude ativa por parte do Estado no sentido de criar condições de permanência dos alunos de EJA na escola, não dedica nenhum artigo quanto a formação do professor, ou seja, embora tenha ocorrido alguns avanços ainda temos muitos questionamentos com relação as políticas públicas desta modalidade.
Finalmente, ressalta-se que a história da EJA no Brasil foi tensa e desprovida de compromisso sério por parte dos governantes, chegou aos anos 90 necessitando de reformulações pedagógicas que na verdade são necessárias e urgentes até a data de hoje. Não vejo condições de garantir a este segmento social, que vem sendo marginalizado nas esferas sócio-econômicas e educacionais, um acesso à cultura letrada, que lhe possibilite uma ação consciente e crítica do mundo do trabalho, da política e da cultura, se novas políticas públicas não forem criadas, principalmente voltadas à formação do professor que trabalha com esta modalidade de ensino.
Valéria Souto.
Seja bem vindos ao Cantinho de sugestões da EJA. Neste meu mais novo cantinho vou sugerir atividades para se trabalhar na modalidade da "Educação de Jovens e Adultos".
Amo esta modalidade de Ensino, trabalhei muitos anos e confesso que aprendi muito mais do que ensinei...Vou tentar dividir o que aprendi espero que gostem e deixem sugestões e comentários para enriquecer meu mais novo espaço de discussão.
Valéria Souto.